Se comunicar por e-mail é rotina na grande maioria das empresas. Envio de documentos, agendamento de reuniões, comunicados, relatórios, contato com fornecedores, é tanto e-mail que muitos funcionários passam um bom tempo apertando a tecla delete para mandar tudo para o lixo virtual.
Mais do que este tráfego intenso, a comunicação formal e documentada na rede muitas vezes torna impessoal o contato dos funcionários. Para tentar mudar esta situação uma empresa de São Paulo e outra do Rio criaram o "dia sem e-mail".
A data foi comemorada na última sexta-feira (14) no escritório da Chemtech, empresa de engenharia e atuação em petróleo e gás com sede no Rio. Toda segunda sexta-feira do mês a empresa bloqueia a comunicação interna.
Se precisa falar com alguém da empresa, mesmo de outro departamento, o funcionário deve usar o telefone ou chamar pelo comunicador instantâneo. E que tal levantar-se da cadeira e ir à outra sala para falar pessoalmente com o colega?
"O grande desafio é promover a integração entre diversas áreas de engenharia da empresa", explica Samara Souza, coordenadora de recursos humanos da Chemtech. Ela conta que muitas vezes para se tratar de um assunto interno por e-mail a conversa se prolongava por intermináveis mensagens copiadas para mais de 30 pessoas.
"Como a nossa rotina é de muito envio de e-mails, a pessoas acabavam se habituando a usar e-mail para tudo e se viciando neste processo. Muitas coisas podem ser resolvidas com uma breve reunião presencial", explica Samara.
Na SKF do Brasil, fabricante de rolamentos para área industrial e automotivo, toda sexta-feira a ordem é não usar o e-mail. A empresa conta com 1.030 empregados na operação brasileira, três escritórios na Grande São Paulo (Cajamar, Jordanésia e Barueri), e a comunicação interna pela internet foi reduzida em até 70% no "dia sem e-mail".
Mas o objetivo principal é promover a relação interpessoal entre os funcionários. "Às vezes a gente fica meses trocando e-mails com um colega que não sabemos que é, e então quando o conhecemos pessoalmente descobrimos que ele é a pessoa trabalha na sala ao lado", diz a analista fiscal Renata Oliveira, de 35 anos.
Ela trabalha diariamente ao lado de Daiane Rodrigues, de 25 anos, também analista fiscal, e no meio de tantas operações, acabam por vezes se falando por e-mail. "É muita documentação, assim uma copia a outra, mas sempre procuramos conversar pessoalmente", destaca Daiana.
Analistas fiscal e colegas de trabalho: Renata Oliveira e Daiane Rodrigues. |
Antônio Carlos Bouéri, diretor de recursos humanos da SKF do Brasil, explica que a implementação do programa melhorou a qualidade no trabalho. "Estávamos percebendo muita formalidade dentro das áreas como situações como um colega mandando e-mail para colega do lado pedindo algo que poderia ser feito verbalmente", afirma.
"Como implementamos o casual day, no qual o funcionário pode ir sem gravata ao escritório, aproveitamos para liberar a questão dos e-mails: incentivamos as pessoas a conversarem mais, circularem mais na empresa. Teve uma repercussão boa porque as pessoas sentiam falta de conversar mais. Acho importante resgatar a confiança das pessoas e trabalhar em time. A iniciativa fortalece esse valor." Segundo Bouéri, a ideia despertou interesse das subsidiárias da Argentina e Japão, que estudam criar o "dia sem e-mail" nos seus escritórios.
Referência: G1.
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